Entro ao serviço na altura de pagar salários aos trabalhadores argelinos. Homens de túnicas coloridas e turbantes fazem fila à porta do escritório para receberem o dinheiro e vão entrando um a um no escritório. Dei uma mãozinha nesta tarefa: dava-lhes o envelope com o dinheiro e o recibo para assinarem. Poucos sabiam o número de funcionário, pelo que tive que os procurar na lista pelo nome e isso não é nada fácil, porque a forma como eles pronunciam o nome deles é diferente da nossa. Além disso, existe a dificuldade do nome em si: Abdelkader, Reggadi, Chinoune, Melloul, Ouankara, Abderramane, Boukhanchouche. Mas o mais comum é, efectivamente, Mohamed.
Sentam-se, cumprimentam-me, recebem o dinheiro e contam-no muito devagar à minha frente. Aliás, os homens contam-no sempre, as mulheres nunca o contam. Muitos deles contam-no de uma maneira bizarra: tiram uma nota de 100 dinares e põem-na de lado para a contarem só no fim. Acabam de o contar e eu pergunto-lhes:
- C’est bon?
E assinam o recibo.
Ao receber o dinheiro, um ajudante de cozinha, rapaz jovem e brincalhão, deixa uma moeda de 2 dinares sobre a mesa e empurra-a para mim sugerindo-me que compre uma pastilha:
- Tenez, achetez une gomme.
Ri-se alto, levanta-se, vai-se embora. E leva a moeda de 2 dinares.
08/08/2007
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1 comentário:
Abderramane! Bolas, sempre sonhei que filho meu havia ter este nome e afinal tou a ver que ja está tomado! LOL
Beijocas fresquinhas*
P.S. Agora é q vais mesmo enrijecer esses ossos de Cruzeiro!
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